sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ler deveria ser proibido - Guiomar de Grammon

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

OBS: O texto foi levado pelo Jonnatha para refletimos. Faz é muito sentido...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Relembrando...Butoh

Se eu pudesse, faria tudo inspirado no Butoh. É MARAVILHOSO!



O.B.S: Compartilhei do blog do João .

domingo, 2 de outubro de 2011

Relembrando... Primeiro Palco Aberto/Projeto Interdisciplinar - Ensaio



Cidade "Money".

Relembrando... Concluindo a Primeira Etapa.

Relembrando ... Seminário da Historia da Música Brasileira


Teatro de Revista "Sassaricando"

Jovem Guarda - Celly Campello " Estupido Cupido"

Jovem Guarda - Roberto Carlos " Se você pensa"

Lira




Debochada.
Solta.
Livre.
Rebelde sem causa aparente,mas para ela é uma causa que vale a pena lutar.
É o que se é.
Ri dos outros.
Ri de si mesma.
Não se acha melhor,porém não deixa ninguém pensar que é melhor do que ela.
Rock'n Roll, é seu dilema.
E ela não tem data para comemorar...

porque todo dia é dia de festa!


Primeiro Ensaio Geral



Nada descreve o primeiro ensaio!

400 pessoas juntas, em ensaio para um espetáculo que já está sendo inacreditavel é quase um absurdo. É muita gente! rs

Uma multidão que dança, outra que canta, outra que faz malabares e acrobacias... E cada coisa que você treme só de imaginar estando no lugar de quem está fazendo. A energia é outra!

Agora mais que nunca entendo o dilema que todos os professores tentaram passar pra gente no primeiro semestre: "COLETIVO!" "TRABALHO EM GRUPO!"

Não tem nada sozinho naquele lugar! Você pode estar em cena sozinho, mas tem a musica te acompanhando, tem quem vai entrar em seguida, tem quem já saiu... É maravilhoso!


Ficamos até euforicos e empolgados de mais, o que foi coisa de primeiro ensaio,mas agente melhora isso. rs

Agora é torcer que essa energia boa só aumente a cada semana, para termos sempre um ensaio mais produtivo que o outro.

Todo mundo em clima de ralação! Muitas fotos e desenhos das Artes Visuais para nosso cenário e alegorias, muita coreografia, muito movimento, muitas musica e muito texto! Mais é muita coisa, heim?! RS.


MERDA PARA TODOS NÓS!

Aulas de Canto

Então quer dizer que o Teatro também vai aprender a cantar?

:)

SIIIIIIIIIIIIIIIM!

Eu tô adorando as aulas de canto! Já consigo notar a diferença na voz de muitos companheiros de area. E na minha propria também.

Sem falar que são muito divetidas, dá pra descontrair um pouco do ritmo corrido que é o resto da semana.

Minha canção
Dorme a cidade
Resta um coração
Misterioso
Faz uma ilusão
Soletra um verso
Lavra a melodia
Singelamente
Dolorosamente
Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza
Minha cançao
Réstia de luz onde
Dorme o meu irmão .

Chico Buarque ( Nossa musica para entrar na afinação )

Percebo muito agora os cuidados que devemos ter com a nossa voz e como a usamos de forma errada. Estamos aprendendo as musicas do espetaculo, e fazendo algumas pequenas sugestões de cena por cima, cantando-as para ver como elas poderiam encaixar, caso tiver um cena cantada no espetaculo, estaremos bem preparados.

As composições da Música estão incriveis, compostas de letras fortes e simbólicas. Dessa forma, ficamos por dentro também deste processo que parece ser um pouco afastado do nosso,pois com a dança e o circo nós interagimos mais no mesmo espaço,e assim a Música també, interage. Muito bom!

Moro em um Brasil ( Moro,Moro )


Eu moro em um Brasil,cheio de proezas
Te convido a desfrutar de tantas riquezas
Bossa Nova,Funk Soul,Samba, Rock e Pagode
Levanta sai do chão, solte a voz e se sacode!

Quem viveu Era do Rádio,fez Teatro de Revista
Já tocou em Blocos Afro, teve um sonho de artista
Tropicalia e Jovem Gurada,também entram nessa lista
Até mesmo o Erudito, todos quero ver na pista!

Nessas veias correm sangue e bate forte o coração
Como todo brasileiro que compõe sua canção
Toda raça e toda cor,todo estilo e sabor
Mistura que combina com a Lira e o Tambor!

Ensaio Tarde - Barracão e Tambor

Cena - Tambor



Trata-se de um sonho, com os varios sentimentos guardados no sub-consciente do Tambor. Ele sonha com sua maior indagação, quem ele é? Nesse momento, ele encara a si mesmo,se questiona e no final encontra com sua avó já falecida.

Cena - Barracão





Esta cena será um prólogo do espetáculo.



COMENTÁRIO:


Ensaiar com todas as areas foi muito marcante. Por nós,passava uma energia muito forte por começarmos a entender o que é este espetaculo com mais de 300 jovens. Percebi como precisamos um do outro. A musica, a dança, o circo e o teatro dão a forma, a historia . Uma moldagem tão complexa de simbolos, emoções, passagens pra depois as Artes Visuais ver como vamos apresentar, em que lugar e como esses personagens se apresentam exteriormente ao publico. É mágico!

Propostas de cena - Lira

Quem é a Lira?






Adolescente em transgressão. Uma busca de ser o que se realmente é,sente ou gosta.

Propostas de cena - Tambor

Quem é Tambor?





Origens.

A palavra que o determina. Ele quer saber quem ele é, de onde veio, o que o faz ser assim.

Propostas de cena - Barracão



Costureiras;



Pedreiros;



Lavadeiras.

Ações das pessoas que trabalham no barracão. A questão é, o que elas fazem quando não estão em clima de ensaio? Com o que trabalham? Como são suas vidas?

Baseados em tudo isso, criamos cenas que mostram o outro lado de quem também vive um Carnaval.

Gustav Klimt - O Beijo




O sentir, sem tê-lo realmente.

O tocar, o que é íntimo e expressar este toque no exterior.





Carolina Lima



João

Inicia-se o processo de criação para o Espetáculo 2011!

Com a direção de Cida Falabella e Sámira Ávila a Dramaturgia de Rogeryo Coelho, tivemos um aulão sobre a temática do espetaculo.

O Samba, marco da cultura brasileira será o enredo deste espetáculo. Contaremos basedado nele a historia da música brasileira e dentro dela a historia de todos os envolvidos e as vidas fora do barracão e da escola de samba,e uma grande historia de amor.

Intitulado " A Lira e o Tambor", começa um grande processo de pesquisa e estudo para uma melhor forma de contar esta historia.

A partir então deste momento começa um processo muito maior de equipe,pois trabalharemos com mais de 300 pessoas,muitos ensaios mas valerá a pena como já está valendo.

O Beijo no Asfalto - Nelson Rodrigues

Com a volta das férias, e muitas mudanças inesperadas resolvemos continuar com um de nossos projetos iniciados com o estudo do livro O Beijo no Asfalto de Nelson Rodrigues. Começamos a estudar ainda no primeiro semestre a leitura drámtica deste texto, e com algumas novas propostas de trabalhar com outra area,deixamos o processo para ser finalizado em uma outra hora.

Com o segundo Palco Aberto,que fora aberto para a comunidade voltamos com o trabalho que foi uma das melhores experiencias ali dentro. Finalizamos com chave de ouro o nosso primeiro semestre.

Em duas semanas,trabalhando com improvisações em cima do texto,divisões de atos,muita leitura e analise para captarmos os pontos mais fortes e as ligações da historia para que fosse contada de uma forma diferente. Depois das primeiras improvisações,os grupos foram divididos e cada um com o seu ponto de ligação foi criando uma cena que era ligada aos meios de comunicação/midia que foi o ponto mais forte encontrado.

A historia que se trata de uma manipulação da midia em torno de um ato que não tivera maldade, e na influencia que ela pode depositar nas pessoas capaz até de destruir laços familiares e uma vida inteira, e como ponto de ligação para que tudo isso se desenrolasse muito ciúmes e desconfiança.

Assim, conseguimos depositar nos pontos em que havia um humor critico e nos momentos mais densos uma concentração de energia que só aquela historia poderia trazer. Conseguimos um resultado muito bom nessa adaptação, graças a um trabalho arduo e nossos queridos professores.